domingo, 31 de outubro de 2010

O Egotariado

Atualmente ser voluntário virou status. Ser voluntário não é mais por motivos de crescimento e desenvolvimento pessoal ou social; não é mais por responsabilidade; não é mais por ajuda ao próximo; é o simples fato de aparecer perante a sociedade como “boa moça” ou “bom moço”. E é isso que chamamos aqui de egotariado: Aquele voluntário que tem na sua essência a expansão do seu eu para a sociedade.

Obviamente que isso é uma generalização, há diversos casos que voltam à essência do voluntariado. Contudo, infelizmente, muitos o fazem pelo ego[tariado]. O que, de certa forma, não é errado. Ajudar o próximo é, principalmente, uma ajuda a si mesmo. Pela visão talmúdica, o que recebe dá uma grande oportunidade ao doador. Logo, o doador é uma pessoa abençoada por ter esta oportunidade.

Ainda no judaísmo, as pessoas têm o dever social de ajudar: tzedaká. Tzedaká, uma palavra de origem hebraica, tem sua essência em Tzedeck, justiça. Então, ajudar o próximo é, simplesmente, uma justiça social, um conserto do mundo.

Infelizmente, hoje, muitos a fazem por reconhecimento. Todavia, esta palavrinha de difícil pronuncia, é tão forte que subdivide oito tipos distintos de ‘justiças’, da mais elevada espiritualmente a menos elevada, sendo todas elas honradas. A mais elevada é quando as duas partes não se conhecem, não ocorrendo constrangimento, assim, a tzedaká é feita com a mais pura nobreza, pela essência de ajuda. Vai-se descendo os degraus, até chegar ao oitavo degrau, onde ambas as partes se conhecem e o doador não a faz de coração.

Felizmente, essa é uma escada. Estar no primeiro degrau já é um passo para subir aos próximos. Quem sabe um dia as pessoas não se preocupem mais em fazer e menos em [a]parecer. Quem sabe um dia o egotariado se torne, mais uma vez, um ‘voluntariado’.
Menumak - Iara Margois - 31/20/2010

sábado, 30 de outubro de 2010

O processo seletivo

Esta a procura de um emprego?

Seja bem vindo a exposição de sua vida! Hoje em dia as empresas não querem mais saber apenas de currículo. Experiência no exterior, trabalhos voluntários, trabalhos anteriores, relacionamentos, personalidade, criatividade, liderança, pró-atividade, conhecimentos gerais, específicos, lógica... são tantos os critérios que apenas para escrever levaríamos o artigo todo, com chances de esquecer.

E para validar toda essa pesquisa, ai sim, vem o grande desafio. São provas, trabalhos, criação de blog, vídeo ou histórias, questionários, mais provas, percepções, currículo seu e familiar, desde seus avos aos planos para os seus netos, teste de valores, jogos online, jogos “offline”, entrevistas e mais entrevistas.

E, finalmente, depois de meses em um processo seletivo, parabéns! Você pode ter conseguido o emprego dos seus sonhos: estagiário, assistente ou até mesmo, virar analista.

Quem dera ter um processo tão rigoroso apenas para se tornar nossos candidatos na política!
Menumak - Iara Margolis - 30/10/2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Direitos ou Deveres: A Balbúrdia.

“Porque o primeiro dever de todo cidadão é conhecer os seus direitos” [slogan de uma rádio]
“O seu direito termina onde começa o do outro” [ditado popular]

Direitos, direitos e mais direitos. O mundo está infestado de direitos. Todo mundo os têm, os querem , os almejam e os exigem.

Interessante a observar é que poucos falam em deveres, e os que falam, remetem a segundo plano. Como membros sociais, o dever é muito mais responsável e sustentável que os direitos.

Com a mudança de uma simples palavra, toda uma ‘macropercepção’ é alterada. A responsabilidade, que antes era repassada para um terceiro, passa agora a ser do próprio indivíduo. Cada um passa a ser responsável por seus atos, pelo social, se tornando, também, parte do contexto, de suas causas e de suas conseqüências. Resultando em mais ações, mais reflexões e menos cobranças.

Precisamos de menos foco nos direitos e mais foco nos deveres, nas responsabilidades e nas ações efetivas.
Menumak - Iara Margolis - 29/10/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O âmago interesseiro

Você já parou para analisar o que leva a espécie humana a se motivar, se relacionar e realizar ações?

Uma palavra poderia responder: Interesse.

Exatamente, senhores e senhoras, nós, como seres humanos, somos movidos a interesses. Obviamente de inicio há uma negação. Essa afirmação aparenta ser radical, feia e imoral. Entretanto, ela é a mais pura verdade. O interesse faz parte inerente do que fazemos e do que somos.

O interesse pode ser visto como uma vantagem, como conveniência para algo, ou, um proveito, o que também é motivador de ‘n’ fatores. Todavia, é também o desejo, o despertar a atenção (ou curiosidade) para algo, o participar.

Nossas relações, atos, pensamentos, todos eles estão pautados em nossos mais profundos interesses. Que, por sua vez, podem ser egoístas ou sociais, porém continuam sendo meros interesses. E, é isso que nos torna seres interessados, interesseiros e interessantes.
Menumak - Iara Margolis - 28/10/2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O cliente sempre tem razão, tem?

O maior lema do fenômeno do super-herói individual de fazer o impossível é: o cliente sempre tem razão. Com esta simples frase, acrescida em um ambiente capitalista, reverte-se o poder para as mãos dos clientes. Estranhamente, ao afirmar que eles sempre têm razão, afirmamos que mesmo quando eles não têm razão, passam a ter razão. E, diante da concorrência, com a finalidade de conquistá-los e fidelizá-los, acabamos criando monstros.

Isso mesmo, o capitalismo transformou-nos, “pobres” consumidores, em monstros: super-heróis com um rei em suas respectivas barrigas. A partir do momento que sabemos que não temos razão e, sem razão, ganhamos razão, passamos, assim, a poder exigir o que não podíamos. Legitimamos poderes que não eram legítimos. E, transformamos o certo em errado, o errado em certo, o certo em certo e o errado em errado, variando aleatoriamente de acordo com o gosto do freguês. E, se, ele [o freguês] não tem gosto, assumimos que o sem gosto passa a ser um gosto, e, dependendo, o mau gosto até mesmo se transforma em um bom gosto.

Logicamente: Se todos somos clientes e o cliente sempre tem razão, logo, todos nós temos razão. Assim sendo, quem realmente tem razão?
Menumak - Iara Margolis - 27/10/2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A arte de desafiar: Eu duvido!

Por que fazemos atos movidos a um simples desafio? Duvidar de alguém pode significar uma motivação imposta a realização de algo por mera aprovação social. Ou seria uma auto-afirmação “identitária”?

Em suma, o desafio pode ser visualizado sob duas óticas distintas: a do desafiador e a do desafiado.

O desafiador sente o desejo de que o outro faça a determinada tarefa pela mera exposição, ou uma satisfação pessoal em provocar, ou ainda a desconfiança da capacidade alheia. Já o desafiado, sente-se amedrontado, em uma emboscada, em uma situação de ter que provar para um outro, ou, até para consigo mesmo, algo. Algo este, que pode levar o desafiado a uma situação de aprendizado ou uma situação desconfortante por fazer algo pelo simples fato de provar o que foi provocado.

Se, ao analisar o desafio, for percebido pelo desafiado que é interessante e que ele tem a ganhar, torna-se um desafio válido, construtivo e positivo. Entretanto, se a percepção for pela mera aprovação, cabe o questionamento sobre a necessidade inerente dos seres humanos de se auto-afirmarem e a validade de realização do desafio.

Pela própria definição da palavra, a arte de desafiar encontra-se em uma divisória entre o convidar, sugerir e entre o provocar, expor. Ainda na configuração da mesma, o fiar (desa+fiar) significa fé (do latim fidere). E, curiosamente, quando nos duvidamos questionamos e suspeitamos. Questionamos o outro, suspeitamos sobre nossas crenças e questionamos a confiança, que, por sua vez, norteia os relacionamentos e, conseqüentemente, cria a necessidade de uma resposta do desafiado: sim ou não.
Menumak - Iara Margolis - 26/10/2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Frugalidade

Por quase unanimidade: o tempo está passando mais rápido. O interessante a ser observado é que nos “tempos modernos” deveríamos aproveitar as facilidades, o conforto e os benefícios que a tecnologia nos traz em prol de uma vida mais “bem vivida” e, paradoxalmente, não é o que ocorre. Temos cada vez mais menos tempo de fazer o que realmente almejávamos e o que realmente importa.
A felicidade essencial foi moldada. Apreciar o simples tornou-se um talento para poucos. Hoje, muitos estão mais preocupados no ter do que no ser. A felicidade de se comprar algo se tornou superior a felicidade de se fazer algo, bem como, presentear alguém uma forma de substituição de estar com este alguém.
E como presentear ou ter necessita de investimentos financeiros, a necessidade de se trabalhar mais aumenta em conseqüência de se capitalizar mais. Trabalhando mais, temos menos tempo e aumentamos nossas dívidas com o tempo e as pessoas, o que resulta em mais presentes e mais trabalhos.
O sorriso de um abraço foi substituído pelo sorriso em receber algo; O tempo de curtir com foi substituído pela tecnologia e pelo trabalho; os julgamentos de quem eram as pessoas se tornaram julgamentos do que as pessoas tem, ou aparentam ter... Enfim, desvalorizamos o que importa e hipervalorizamos o que também importa, mas não é vital. Tivemos uma amnésia de que o simples as vezes não é tão complexo como parece.
Obs.: As idéias presentes aqui não são de autoria minha, obviamente, é apenas uma crítica simplória e pessoal.
Menumak - Iara Margolis - 25/10/2010

sábado, 23 de outubro de 2010

Idoneidade: Confirma!

Acho impressionante a inversão de valores na qual a sociedade está vivenciando na atualidade. O que era para ser óbvio, inquestionável e indiscutível, passou a ser trivial, secundário e flexível.

Estou falando da falta de sensibilidade que estamos tendo e, pior, aceitando. Violência passou a ser algo natural em nossos dias, ou seja, normal. Ética e honestidade passaram a ser questionadas, dependendo da situação e da “personalidade” referente.

Diante disto pergunto, onde iremos parar?

Honestidade é ser verdadeiro, coerente. Sem mentir ou enganar. Já a ética, está embasada nos princípios morais, de acordo com os valores de cada ser humano. A origem dessa palavra é grega (ethos), que significa “modo de ser” ou “caráter”. Se passarmos a questionar a validade de honestidade e ética, passaremos, também, a questionar o caráter, a moral e os nossos valores e os da nossa sociedade. Assim, assumimos que os princípios básicos podem ser móveis, adaptados, e reconfigurados de acordo com as situações e nossas necessidades.

Melhor que discutir política e economia, deveríamos discutir sociedade. Precisávamos fazer uma eleição de valores pessoais e sociais. Precisávamos recriar as bases e princípios. Precisávamos parar para refletir e discernir o que realmente é importante e o que, simplesmente, é trivial. Do que é mutável e do que é fixo. Para, só assim, levantar bandeiras e voltar a sonhar com futuros melhores e sustentáveis.