domingo, 31 de janeiro de 2010

Sangue Azul

Por que o seu sangue é mais azul? Explicarei melhor esse questionamento.


No século VIII, na Espanha, a nobreza indicava a sua veia azul como sinônimo de nobreza. Então o questionamento poderia ser reformulado para: por que nos achamos mais importantes que os outros? Ou simplesmente por que os outros são mais importantes do que eu?

Atualmente, em qualquer âmbito social, podemos fazer essas perguntas: No transito, nos shoppings centers, nos relacionamentos de amizade, em nosso ciclo familiar, empresa, entre outros. Um exemplo clássico é o indivíduo que estaciona seu carro no meio da rua, para aguardar algo, atrapalhando todo o transito. Se você está no carro e alguém buzina a resposta é “que pessoa mal amada, não pode esperar um minuto”, entretanto se você está atrás de uma pessoa que lhe atrapalha, já reclama “não pensa no coletivo, que absurdo atrapalhando o transito todo”.

E quem tem razão?

A razão está na falta de empatia, hoje perdemos o poder de nos colocarmos no lugar dos nossos semelhantes, de escutar, de entender o mundo e com isso achamos que nossos problemas são mais importantes. Logo, que nós somos mais importantes, acentuando o ciclo do individualismo e falta de coletividade.

Então sugiro o questionamento do “sangue azul”, enfatizando que as veias, que dão a aparência azulada, nada mais são que a “tubulação de retorno” do sangue “sujo” ao coração e pulmão, para sua purificação.

Menumak - Iara Margolis - 31/01/2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Das babás aos problemas sociais modernos

Estava na espera de uma consulta médica quando entram na recepção do consultório duas mulheres e um bebê, com aparentemente nove meses idade. O que era de se esperar? A mãe, a filha e a babá. Embora esta cena me aparentasse estranha, parecia ser bem normal aos olhos dos demais pacientes que aguardavam junto a mim. Com um pouco mais de atenção, não muito mais, percebi que a criança estava o tempo inteiro ao colo da babá e a mãe, sem se importar, lia uma determinada revista da semana.

Aquilo me revoltou e ao longo da espera mais e mais babás chegavam, com os “seus” bebês e suas respectivas patroas. Muitas das perguntas preliminares feitas pela secretária, as babás respondiam melhor que a própria mãe da criança. E, em enumeras vezes a criança buscava chamar atenção de sua mãe, entretanto era recriminada.

Analisando a situação sob outra ótica, acompanhamos nos jornais e nos noticiários casos de agressão e desrespeito dos jovens para com os pais, em sua maioria por motivos banais. A falta de diálogo e afeto, envolvimento cada vez mais precoce com o álcool e demais tipos de drogas, acentua esta violência que extrapola os limites ético-sociais, motivados por uma rebeldia aparentemente sem causa. Mas, o por que disto? Como a sociedade chegou a esse ponto?
Em uma análise de lógica básica, podemos concluir que partindo das babás chegamos aos problemas sociais modernos. Podemos visualizar que as pessoas antigamente sonhavam em constituir uma família. Na primeira oportunidade casavam e tinham seus filhos. Atualmente os jovens, em sua maioria, almejam o sucesso profissional, sem com isso abandonar a vontade de encontrar um parceiro que compartilhe de seus sonhos e desafios do dia-dia. Enquanto alguns jovens almejam casar e ter filhos, outros deixam “a vida os levar”. Até está analise, nada demais. O problema se dá quando o filho nasce e a busca incansável dos pais pelo sucesso se torna maior que suas obrigações paternas. As cobranças profissionais são grandes e as pressões do nosso cotidiano os fazem abdicar ou até mesmo terceirizar suas famílias.

Assim, chega a figura da babá. Os filhos obviamente sentem essa ausência, resultando em uma enorme carência afetiva, que desenvolve e gera uma espécie de “vale-tudo” para chamar a atenção dos pais. Em decorrência da imaturidade da idade, a forma de chamar a atenção; algumas vezes equivocadas, e em muitos casos exagerada, enfrentam com isso, sermões, castigos ou até mesmo agressões físicas ou verbais. Essa criança cresce carente. Essa carência é acumulada e transformada em ações impactantes ao longo de suas vidas, podendo pender para dois caminhos:

1. A superação para o positivo. O esforço para ter um elogio, torna os terceirizados em pessoas surpreendentes e profissionais brilhantes;

2. A superação “vale-tudo”: Rebeldia, violência, traquinagem, “pegação”, drogas, bebidas, e ultrapassar os limites estabelecidos – a obsessão pelo fazer errado.

Ambos os caminhos refletem a sociedade que estamos lentamente criando. Filhos fascinantes ou problemas gritantes. O grande destaque é que o segundo ponto chama mais a atenção, uma vez que as ações são preocupantes para a sociedade.

Desta forma me pergunto: Onde se encontram as críticas ao excesso de babás? As negligências dos pais? A falta de educação, limites e preocupação com o futuro?
Se realmente nos preocupamos com o futuro de nossa sociedade e de nossos filhos, não deveríamos nos doar mais ao próximo? Importarmos-nos mais com nossos semelhantes? Um bom começo seria, a meu ver, começarmos isso dentro de nossas famílias.
Menumak - Por Iara Margolis 21/01/2010